A bovine serum albumin (607 aminoácidos; 66,4kDa; estrutura na imagem tal como aparece na Protein Data Bank) serve para tudo, desde preparação de soluções padrão para quantificar proteína em amostras, a adjuvante de reacções enzimáticas em biologia molecular e em imunoquímica para reacções antigénio-anticorpo. Estas são algumas das utilizações da BSA no laboratório.
O seu papel biológico também é diverso. É a proteína sérica mais abundante e que mais contribui para a pressão oncótica que permite o fluxo constante de fluídos do meio extracelular para a corrente sanguínea (há formas de edema que são causadas por proteinúria, por exemplo). Mas há mais, muito mais. É uma proteína com grande afinidade para o estabelecimento de ligações com pequenas moléculas e iões. Muitas destas moléculas são apolares e, assim, o seu transporte pela corrente sanguínea é feito sob a forma de complexos com a albumina. Como exemplos temos hormonas, ácidos gordos e bilirrubina.
Ao ligar fármacos administrados ao organismo modula a sua biodisponibilidade pois gera-se um equilíbrio entre a fracção solúvel no plasma (que depende da polaridade do fármaco e é a que está disponível para a ligação ao alvo terapêutico) e a fracção ligada à albumina (sem acção farmacológica). À medida que a fracção solúvel se liga ao alvo terapêutico, baixa a sua concentração no plasma e o equilíbrio adapta-se de modo a libertar moléculas do fármaco ligadas à albumina. Assim, os níveis plasmáticos mantêm-se constantes e o efeito terapêutico prolonga-se.
É claro que isto não é para sempre. Quando a fracção ligada à albumina já não compensa a que se liga aos alvos terapêuticos, os níveis plasmáticos baixam, podendo ficar abaixo da concentração mínima com efeito farmacológico. Antes disso acontecer, há que tomar mais um comprimido.