Acabadinhas de sair as sequências completas dos genomas dos fungos filamentosos Aspergillus nidulans, Aspergillus fumigatus e Aspergillus oryzae. A. nidulans é um importante organismo modelo para estudos de biologia celular, A. fumigatus é o bolor mais patogénico (causador de aspergilose) e A. oryzae é usado no oriente na fermentação de alimentos.
Desde que a sequência do genoma de Saccharomyces cerevisiae foi publicada (primeiro eucarionte com o genoma sequenciado) em 1996, os projectos de sequenciação de outros organismos não têm parado de aumentar, culminando na sequenciação dos tão aguardados, numa perspectiva antropocêntrica, Homo sapiens e Pan troglodytes. De acordo com o European Bioinformatics Institute, há 24 arquebactérias sequenciadas, 169 eubactérias, 33 eucariontes (mais 3 a partir de agora), 28 vírus e mais viróides, plasmídeos e DNA de mitocôndrias e cloroplastos.
A informação disponível permite fazer comparações filogenéticas entre seres vivos e é uma ferramenta de trabalho inestimável. Um exemplo disso é o da levedura S. cerevisiae. A base de dados do genoma desta levedura, Saccharomyces Genome Database, é duma facilidade de utilização verdadeiramente fantástica. As actualizações são frequentes com contributos da "yeast community" e já lá estão há muito tempo os dados obtidos com abordagens a nível global de genomas, proteomas e transcriptomas como os "microarrays" (aí está um exemplo do que a informação da sequência de genomas permite fazer).
terça-feira, dezembro 27, 2005
quarta-feira, dezembro 21, 2005
Wiki científica
Via Nature, uma wiki científica, OpenWetWare, criada por cientistas de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology destinada à partilha de protocolos e de dados entre grupos de investigação em Biologia. É uma novidade a acrescentar aos blogues de discussão de resultados de investigação científica antes da publicação dos artigos, ou após a respectiva publicação (a que já me referi anteriormente).
No mesmo artigo da Nature, referência à resistência por parte da comunidade científica à utilização de blogues: dos 20 milhões de blogues existentes, apenas algumas dezenas são blogues científicos.
terça-feira, dezembro 20, 2005
Clonagem de humanos
Em defesa da clonagem terapêutica e reprodutiva de humanos uma série de argumentos sólidos por parte de John Harris, professor de Bioética da Universidade de Manchester no seu recente livro "On Cloning" (Routledge). No caso da clonagem terapêutica, também sempre o considerei, afirma mesmo que é uma obrigação por parte da sociedade, tendo em conta os potenciais benefícios. Mesmo os argumentos que eu considerava irrebatíveis contra a clonagem reprodutiva aparecem aqui convincentemente refutados como o da variabilidade genética, da instrumentalização e da segurança. Este é, aliás, o único argumento que Harris considera decente (aos outros considera-os como retórica vazia e irracionais) na recusa da clonagem humana; basta pensar que a ovelha Dolly foi um caso de sucesso em 277 tentativas. De qualquer modo, refere que o princípio abstracto da segurança não é válido uma vez que a reprodução sexual e a reprodução medicamente assistida também não são isentos de problemas.
De leitura obrigatória para esclarecer muitas mentes.
sábado, dezembro 17, 2005
Um blogue por artigo científico
E que tal um blogue por artigo científico onde a comunidade científica poderia comentar os resultados desse artigo? Esta ideia surgiu recentemente num artigo da revista The Scientist (David Secko. 2005. The power of the blog. The Scientist 19: 37). É entusiasmante pensar que os nossos resultados acabados de publicar poderão ser comentados e discutidos por quem estiver interessado no website do jornal científico em que o artigo acaba de sair.
A blogosfera científica está a mover-se! Muitos investigadores usam blogues como locais de discussão em linha de resultados científicos. É muito interessante esta abertura à discussão em locais de acesso público de resultados de investigação. Será interessante seguir este processo para verificar como se conseguirá gerir a confidencialidade de resultados promissores com a exposição numa discussão aberta em linha e não em encontros científicos que contam como publicações oficiais.
É curioso também o recurso ao blogging por parte de cientistas de empresas farmacêuticas e a convivência, sem conflitos de maior, com as políticas de divulgação de resultados por parte das administrações. É claro que aqui o bom senso parece prevalecer, uma vez que, pelo menos nos casos relatados, houve uma definição clara dos limites de actuação tanto por parte dos bloggers como das administrações.
Tudo isto cheira a coisas novas que poderão surgir na comunicação de ciência!
A blogosfera científica está a mover-se! Muitos investigadores usam blogues como locais de discussão em linha de resultados científicos. É muito interessante esta abertura à discussão em locais de acesso público de resultados de investigação. Será interessante seguir este processo para verificar como se conseguirá gerir a confidencialidade de resultados promissores com a exposição numa discussão aberta em linha e não em encontros científicos que contam como publicações oficiais.
É curioso também o recurso ao blogging por parte de cientistas de empresas farmacêuticas e a convivência, sem conflitos de maior, com as políticas de divulgação de resultados por parte das administrações. É claro que aqui o bom senso parece prevalecer, uma vez que, pelo menos nos casos relatados, houve uma definição clara dos limites de actuação tanto por parte dos bloggers como das administrações.
Tudo isto cheira a coisas novas que poderão surgir na comunicação de ciência!
domingo, dezembro 11, 2005
Arqueologia genética
Um blogue interessantíssimo do premiado escritor de livros de divulgação científica Carl Zimmer. Trata essencialmente sobre evolução em todos os seus aspectos, desde os "clássicos" de comparação de estruturas anatómicas em espécies relacionadas filogeneticamente até aos "modernos" trabalhos de comparação de sequências de genes e genomas. O último post refere-se a estudos de paleoantropologia na determinação das linhagens genealógicas resultantes dos fluxos migracionais com base no DNA mitocondrial, cromossoma Y, cromossoma X e DNA autossómico. No trabalho referenciado nesse post, o autor, Alan Templeton (Department of Biology, Washington University), usou a estatística para a comparação de 25 genes situados naqueles tipos de DNA, conseguindo, desta maneira, analisar em conjunto as linhagens exclusivamente materna (DNA mitocondrial), linhagem exclusivamente masculina (cromossoma Y), a linhagem do cromossoma X (em dose dupla em mulheres e assim capaz de recombinar, apenas nestas, durante a meiose) e a linhagem dos autossomas (cromossomas não sexuais) sem restrições nas recombinações meióticas. Os resultados apontam para três grandes fluxos para fora de África com constantes cruzamentos entre populações dos diferentes continentes, incluindo até um grande fluxo da Ásia para África. Isto vem contra a grande expansão "out of Africa" aceite para a evolução dos humanos. Afinal, aparentemente, a globalização começou mais cedo!
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