domingo, outubro 26, 2008

Fome, olfacto e longevidade


Foto: Keith Kbradnam

Vermes (Caenorhabditis elegans) com neurónios envolvidos na detecção de alimento afectados vivem mais apesar de se alimentarem normalmente (ver aqui e aqui, com um título bem explícito). Lá se vai a restrição calórica como processo de prolongamento do tempo de vida.

O que parece ser mais importante para um aumento do tempo de vida é a sinalização de falta de alimento.
Por isso os vermes atingem tempos de vida prolongados tanto com restrição calórica como com etosuximida que inibe os tais neurónios cuja actividade está aumentada quando há presença de alimento (aquilo que corresponderá ao olfacto). Assim, parece que a sinalização de ausência de alimento (mesmo que mentirosa) induz o organismo um estado de adaptação que leva ao abrandamento do metabolismo, do crescimento e prolongamento do tempo de vida.

Afinal poderemos prolongar a nossa vida sem passar fome! No entanto, se for à custa da etosuximida, não tiramos muito proveito pois um dos efeitos secundários é a perda do paladar.

sexta-feira, outubro 24, 2008

A treta do Magalhães (o computador, que o navegador não tem culpa nenhuma)


Estou a ficar convencido que há um processo de imposição do Magalhães nas escolas. O pior é que quem vai lucrar é o governo na sua campanha eleitoral, pois os utentes vão receber uma máquina obsoleta que, mesmo por 50€, me parece cara (é ver alguns comentários aqui). Bom, parece que vem aí uma versão nova com o processador atom. Vai sair mais caro (sem se saber quanto pois "não convém") nas lojas mas sem alteração de preço nas escolas, o que quer dizer que vai sair mais caro aos contribuintes.

Sou contra estas modas dos planos tecnológicos enquanto programas centralizados em gabinetes de instituições criadas
em ministérios onde abundam burocratas que têm que justificar a sua existência com iniciativas deste género, ignorando que a adesão às novas tecnologias requer formação sólida de base em escolas, com computadores, claro. Parece-me que se está a deixar para segundo plano, no 1º ciclo, aprender as bases da leitura, escrita e matemática que dão as competências essenciais em toda a aprendizagem posterior. Eu que sou professor, constato diariamente esta falta de bases. Custava muito menos ao estado fornecer 30-40 portáteis (dos bons) a cada escola que seriam utilizados rotativamente por todas as turmas nas actividades de informática, do que andar nesta onda do choque tecnológico. Alguma vez pensaram que um miúdo com um computador na mochila é um alvo fácil para ser assaltado? E na escola, não haverá miúdos a roubar e a andar aos pontapés aos computadores dos colegas?

Estive a ver o site do portátil Magalhães e fiquei estarrecido com algumas pérolas como esta: "Uma das respostas que muitos leitores do blog têm feito, e que nalguma medida tem ficado sem resposta, dadas ainda algumas indecisões, prende-se com as ofertas específicas de Internet banda larga para o Magalhães" Não, não são as "respostas que muitos leitores do blog têm feito" (!), são as "algumas indecisões" sobre a internet. Isto tem muito que se lhe diga. O formulário que é entregue na escola aos miúdos para os pais preencherem tem, no campo inferior (ver figura), uma escolha de operador de comunicações e, depois, a escolha de opção de acesso à banda larga. Como é que o operador tem que ser escolhido se eu posso prescindir da banda larga? Só vejo uma resposta possível: por defeito, o computador vem com acesso à internet, sem ser por banda larga, e disponibilizado por um dos operadores que constam no formulário. Acontece que eu tenho internet por cabo da Bragatel; teria que ter uma segunda conta de internet? Nada disto é esclarecido no site do Magalhães nem é informado no documento fornecido pela escola juntamente com o formulário. E no entanto, já nos pedem para aderir...

quarta-feira, outubro 22, 2008

A evolução humana em curso

A evolução da nossa espécie não parou e até parece ser acelerada por factores culturais. Este artigo da Seed aponta vários exemplos e o gene da tolerância à lactose é um deles.

Os trabalhos referidos nesse artigo baseiam-se no HapMap, um projecto internacional destinado a catalogar as semelhanças genéticas entre seres humanos. Apenas cerca de 1% do genoma humano tem variação entre indivíduos e é constituído em grande parte por SNP's (single nucleotide polymorphisms; polimorfismos de um só nucleótido). Estes parecem estar organizados, ou ligados, pois, para um dado alelo, os SNP's que estão mais próximos no cromossoma variam pouco numa dada população. Isto constitui um importante marcador genético de populações e de indivíduos.

terça-feira, outubro 21, 2008

Proteína verde fluorescente



Em cima: peroxissomas de levedura marcados com proteína verde fluorescente. Em baixo: as mesmas células observadas sem fluorescência (fotos: Rui Oliveira)

Um exemplo de investigação fundamental que resultou em aplicações práticas importantíssimas. Estas aplicações não são na vida comum do dia-a-dia mas na própria investigação em biologia. Passou a ser possível acompanhar visualmente proteínas e organelos in vivo ao longo do tempo.

Manter a tradição


Foto: MODIS Rapid Response Team, NASA GSFC

Após um longo período de pausa, retomo a actividade com um post recorrente no Outono: as cores das florestas nos EUA.