Via Pharyngula, provavelmente o blogue científico mais lido em todo o mundo, uma entrevista ao autor do The Selfish Gene, Richard Dawkins, agora numa fase mais "transcendental". No seu livro recentemente publicado (The God Delusion), apresenta-nos uma visão radical sobre o darwinismo e desígnio inteligente. R. Dawkins relaciona o darwinismo ao ateísmo o que para muitos defensores do desígnio inteligente constitui até um ponto a favor da sua causa.
Em tempos conturbados em que a fé religiosa está na base de acções terroristas, pode haver também fé religiosa fundamentalista no confronto com a ciência a que R. Dawkins não hesita em chamar de guerra. O seu radicalismo chega a expressões do género:
...to teach children that it is a fact that there is one god or that God created the world in six days, that is child abuse.
Também na consideração de que a fé religiosa é uma crença científica:
Suppose, hypothetically, that forensic archaeologists, in an unlikely series of events, gained evidence -- perhaps from some discovered DNA -- which showed that Jesus did not really have an earthly father, that he really was born of a virgin. Can you imagine any theologian taking refuge behind Stephen Jay Gould's non-overlapping magisteria and saying, "Nope, DNA evidence is completely irrelevant. Wrong magisterium. Science and religion have nothing to do with each other. They just peacefully coexist." Of course they wouldn't say that. If any such evidence were discovered, the DNA evidence would be trumpeted to the skies.
É claro que há aqui uma dimensão política muito contaminada pelo conflito evolucionismo/criacionismo norte-americano. No entanto, para a questão da experiência pessoal de fé religiosa, Dawkins corta a direito:
As I've said, the brain is highly complicated. And one thing it does is construct remarkable software illusions and hallucinations. Every night of our lives, we dream and our brain concocts visions which are, at least until we wake up, highly convincing. Most of us have had experiences which are verging on hallucination. It shows the power of the brain to knock up illusions. If you're sufficiently susceptible and sufficiently indoctrinated in the folklore of a particular religion, it's not in the least surprising that people would hallucinate visions and still small voices. I wouldn't be at all surprised if it happened to me.
Dawkins já nos habituou a ideias radicais e inovadoras (a selecção natural a actuar em genes e não em indivíduos e os memes) que constituiram revoluções na biologia evolutiva. Confesso que estas novas sobre a religião continuam a ser radicais e que a parte da consciência da fé como experiência pessoal é o expoente deste radicalismo. Vou esperar por ler o livro...
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