quarta-feira, janeiro 03, 2007
Segurança de produtos alimentares provenientes de clones
O tema é dado à produção de muito ruído afectando uma análise ponderada do problema da clonagem de animais com fins comerciais para alimentação humana. Por um lado há pressões por parte de defensores da proibição das técnicas de clonagem e por outro há interesses comerciais fortes nestas tecnologias. Para já a análise do centro de medicina veterinária da Food and Drug Administration (FDA) a toda a informação disponível em publicações com arbitragem científica aponta possíveis riscos acrescidos no consumo dos produtos derivados de clones em relação aos animais resultantes de técnicas de reprodução assistida. Num documento extenso (678 páginas das quais, confesso, li apenas o primeiro capítulo referente ao sumário do estudo), formalmente impecável, houve o cuidado de definir a avaliação do risco acrescido no consumo destes produtos, pois seria pouco sério avaliar o seu risco absoluto quando há no mercado produtos resultantes de animais criados por técnicas de reprodução assistida (esta atitude de colocar a tecnologia de transferência nuclear de células somáticas na mesma categoria de outras técnicas globalmente definidas como tecnologias de reprodução assistida revela uma ausência de preconceitos de louvar). É interessante verificar que os estudos analisados foram estudos baseados em abordagens bioquímicas e fisiológicas, sendo referido que as técnicas de genómica, proteómica e metabolómica não foram consideradas por falta de padronização e validação. Há aqui também sensatez na referência explícita das técnicas consideradas na análise. Como um dos problemas é uma possível desregulação epigenética, de resto referido no documento, as tecnologias de genómica poderão vir a ser importantes neste tipo de análise num futuro provavelmente próximo em que a tecnologia dos microarrays esteja perfeitamente padronizada.
Das espécies consideradas (gado bovino, porco, ovelha e cabra) apenas os clones bovinos com idade até alguns dias após nascimento poderão trazer algum risco, limitado, aos consumidores humanos. Animais de idades mais avançadas já não apresentarão risco acrescido devido à ausência destes problemas de reprogramação genética. A sobrevivência ao período perinatal contribui para esta conclusão assim como os animais que sobrevivem a gestações resultantes de reprodução sexuada por meios exclusivamente naturais também são saudáveis ao contrário dos que não sobreviveram até ao fim da gestação ou ao fim de alguns dias após o nascimento.
O documento está disponível aqui para análise dos interessados. A FDA abriu o documento à discussão pública; quem quiser pode submeter comentários por via electrónica.
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