quinta-feira, outubro 06, 2005
Incrível forma de vida
Se não tivesse sido publicado na Science (La Scola, B. et al. 2003. Science, 299. 2033; Raoult, D. et al., 2004. Science, doi: 10.1126/science.1101485; ambos disponíveis online), eu duvidaria da veracidade deste ser. Após a sequenciação do seu genoma pelo grupo de Jean-Michel Claverie, foi possível determinar que o mimivirus possui características tão extraordinárias para um vírus que parece apenas produto da imaginação. É o tamanho (enorme, comparado com outros vírus e maior que o de algumas bactérias), a composição em ácidos nucleicos (DNA e RNA, ao contrário dos vírus "normais"), o tamanho do genoma (1260 genes, comparável a muitas bactérias), a capacidade de produzir proteínas pelos seus próprios meios e a capacidade de reparação do seu próprio genoma, entre outras.
Se para os vírus (excluindo este, claro), não haverá grandes problemas em não os classificar como formas de vida (a imagem de cristais de partículas virais num tubo de ensaio é particularmente elucidativa), quando olhamos para este mimivirus, confrontamo-nos com a dificuldade em colocar esta "coisa" num dos lados da fronteira que delimita os seres vivos. Aquela ideia de simplicidade dos vírus constituídos por uma carapaça proteica envolvendo o genoma viral (composto por DNA ou RNA, e não ambos), codificando um reduzido número de proteínas e dependendo em larga escala da maquinaria enzimática da replicação, transcrição e tradução, está, assim, posta em causa.
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