
A 11 de Abril o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) emitiu um parecer (48/CNECV/06) pela proibição. O argumento principal apresentado para fundamentar esta posição é o de que a clonagem com fins reprodutivos "viola a dignidade humana". O argumento da dignidade humana não me convence uma vez que acho que a dignidade não se perde por se ter nascido por clonagem. O ser humano é muito mais do que o seu património genético ou o historial clínico que levou ao seu nascimento.
Depois de consultar o Relatório Sobre Clonagem Humana de Abril de 2006 da CNECV não consegui perceber aonde é que a clonagem afecta a dignidade humana no que diz respeito ao "carácter único e irrepetível do ser", tal como fora definido por Kant. Também, em abstracto, não vejo como uma pessoa que tenha sido clonada, educada pelo pai, mãe ou educador(es), com desenvolvimento físico , mental e emocional normais, seja privado desta dignidade.
Sou sensível com o príncipio ético da precaução evocado no ponto 4 do parecer verificando-se "ausência de unanimidade ou ampla convergência científica e filosófica acerca da natureza do produto de transferência nuclear somática". Embora não concorde totalmente, parece-me que é conveniente não avançar à força quando há grande resistência nas mentalidades (em parte por uma espécie de repugnância em relação às manipulações de embriões humanos). Há outra razão a que já me referi aqui anteriormente neste blogue: a da segurança. Também me parece sensato apelar à investigação em células estaminais colhidas de indivíduos adultos e na reprogramação celular, tudo com o fim de evitar o recurso exclusivo às técnicas de transferência nuclear somática (pontos 4.1 e 4.2). No entanto, a minha concordância é por um motivo diferente: é que deve-se explorar todas as possibilidades para se conseguir a cura das doenças passíveis de serem combatidas por estas técnicas, seja recorrendo a células estaminais do cordão umbilical, células estaminais reprogramadas ou por células obtidas por transferência nuclear somática.
Sem comentários:
Enviar um comentário